sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sofisticação das grandes adegas chega a Teixeira de Freitas


Os amantes da boa culinária têm agora mais um motivo para ficarem entusiasmados. O restaurante Chef Mario inaugurado em maio deste ano em Teixeira de Freitas, criou um novo espaço voltado para os enólogos e apreciadores de um bom vinho. A inauguração da adega aconteceu no dia 16 de setembro, com participação do especialista em vinhos e diretor da Casas Valduga, João Valduga.

Durante a inauguração o enólogo fez uma exposição sobre os vinhos e suas particularidades, falando da produção, dos tipos, dos sabores, dos cuidados para guardá-los, até a cultura das uvas. Valduga também treinou sommeliers da casa, agora responsáveis por indicar vinhos aos convidados.

A adega fica anexa ao próprio restaurante e os vinhos estão acomodados em casas de madeiras e em um ambiente climatizado. Dentre as opções de vinhos, estarão os chilenos, argentinos, portugueses e outras marcas especiais. Além da adega, uma delicatessen, com produtos típicos italianos, funcionará no mesmo espaço. O vinho poderá ser retirado pelo próprio consumidor que poderá fazer as refeições na adega.

A proprietária do Chef Mario, Tânia Bendende, explica que a iniciativa em expandir para esse segmento partiu do Mario, que é um grande apreciador de vinhos. Ainda segundo Tânia a adega é algo positivo não só economicamente, “estamos oferecendo algo que apreciamos e ter uma adega em nosso estabelecimento é algo maravilhoso”, ressalta.

João Valduga destacou a visão empreendedora de Mario e falou sobre a importância do vinho, “o vinho representa acima de tudo qualidade de vida e na visão empreendedora agrega valores”, afirmou.




João Valduga

Filho de Luiz Valduga fundador da famosa marca, João Valduga acompanhou in loco a evolução da vinícola desde os processos artesanais, até os dias de hoje, com utilização das mais modernas tecnologias na elaboração de alguns dos mais apreciados e premiados vinhos nacionais.
Enólogo formado pela Escola Agrotécnica Federal Presidente Juscelino Kubitschek, sua formação técnica inclui trabalho de 23 anos como pesquisador da Embrapa na área vitícola e enológica. Bacharel em Economia, atualmente, João Valduga desempenha as funções de Diretor Técnico da Casa Valduga.

Tradição

No final do século 19, a família Valduga chegou ao Brasil, vinda da cidade de Rovereto, na Itália, em 1875, e logo cultivaram os primeiros parreirais em meio ao Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul.

Três gerações depois, os investimentos em qualidade e tecnologia cresceram e os prêmios multiplicaram-se pelo mundo. A marca que leva o nome da família transformou-se em símbolo e padrão de excelência.

Hoje, a vinícola é comandada pelos irmãos Erielso, Juarez e João Valduga, que continuam a transmitir a paixão pelo vinho a seus descendentes.
Texto e fotos João Pereira

Esporte elitizado conquista desportistas teixeirenses


O tênis é um esporte de origem francesa e praticado em quadras geralmente abertas e de superfícies sintéticas, cimento, relva ou saibro. Geralmente é disputado por uma ou duas duplas. Esse esporte até então praticado pelas elites e popularizado por Guga, o maior tenista brasileiro, enfim chega a Teixeira de Freitas, conquistando atletas de todas as idades. A primeira quadra foi construída em 2008 e, hoje, com 12 quadras, conta com quase 800 alunos inscritos.
Apesar de não ser barato construir quadras de tênis, ele tem se multiplicado em nossa cidade. Hoje já temos três empresas voltadas para o esporte: Calil Tênis Camping no espaço Alessandro Gol, com duas quadras; TTC - Teixeira Tênis Clube, em frente ao Colégio Integração, com quatro quadras, e o Planeta Tênis, em frente ao Posto Ipiranga BR-101, com quatro quadras e mais duas em fase de construção. As duas primeiras no bairro Monte Castelo e a terceira no bairro Jerusalém. Todas elas de saibro, uma superfície de terreno que mistura argila e areia.

O público alvo é bem amplo, tendo como idade mínima cinco anos e máxima o que o corpo permitir, reservados os cuidados adequados para cada idade. Segundo Flávia Freire, professora do Calil Tênis, só nesse fim de semana praticantes do esporte trouxeram oito troféus, participando de torneios em cidades circunvizinhas. Ainda segundo ela, dentre seus alunos se destaca Kawã Freire, de nove anos de idade, que já conquistou 22 títulos pela Bahia e foi campeão do Torneio Brasileiro no Rio de Janeiro, categoria Play Stay, para crianças de até 10 anos de idade.
Sempre há torneios em Teixeira de Freitas, porém o mais famoso é o Teixeira Open de Tênis no TTC. Este fim de semana tem um torneio no Planeta Tênis com pontuação para o ranking baiano. O esporte é regulamentado pela FBT - Federação Baiana de Tênis e CBT - Confederação Brasileira de Tênis.

Segundo Sandro Marques, publicitário e atleta, o esporte não é tão elitizado assim. “Hoje com a estabilidade econômica, pode-se comprar uma raquete excelente por R$ 400,00 e dividir em 10 vezes. Se houvesse quadras públicas o esporte poderia ser mais popular, já que a locação pode pesar no bolso do atleta”. O atleta também precisa adquirir calçado apropriado, uma raquete e alguns acessórios que dependerá da característica, idade e estágio de cada um.

Texto Rubens Floriano
Fotos João Pereira

domingo, 12 de setembro de 2010

Primeiro Concurso Miss Terceira Idade de Teixeira de Freitas


A beleza da melhor idade
Num fim de tarde de um sábado como outro qualquer, 09 de setembro de 2010, fui fazer a cobertura de um evento no Campus X da Universidade da Bahia – UNEB, em Teixeira de Freitas. Pensei tratar-se de um evento sem graça e monótono. Era um desfile para eleição da Miss Terceiro Idade de Teixeira de Freitas. Auditório repleto de familiares das candidatas, professores e funcionários do Campus e alguns convidados.

Mal o desfile começou e percebi a magia daquilo tudo: eram senhoras de 55 a 77 anos de idade, desfilando com graça, leveza e totalmente harmoniosas. A apresentadora do evento, Professora Marinez França, também coordenadora do Projeto Cevite – Campus X, Educação, Vida e Terceira Idade – fez um pequeno relato das atividades desenvolvidas pelo projeto pioneiro em nossa cidade. Uma dessas atividades é a eleição da Miss Terceira Idade.

Sentei-me perto de umas mulheres que se mostravam muito interessadas no forró que finalizaria o desfile. Cada uma tinha sua candidata preferida, escolhida como representante de cada oficina. Eram 10 candidatas ao todo. A princípio desfilaram moda praia, com cangas ou saída de praia, usando roupas cedidas por uma loja de modas, parceira do evento. A decoração do local foi uma contribuição de um decorador local. Num segundo momento, desfilaram com roupa de festa e foi surpreendente a desenvoltura e a elegância com que o fizeram. Lina Binachini, manequim profissional, treinou as candidatas.



A platéia, animadíssima, em momento algum mostrou preferência por essa ou aquela candidata o que as deixou totalmente à vontade. Após o desfile, cada candidata se expressou oralmente perante os jurados e foi comovente ouvir os relatos de cada uma ressaltando a importância do Cevite em suas vidas. Senti-me privilegiada por estar ali, registrando um acontecimento tão singelo e enriquecedor.

As candidatas

As candidatas foram: Maria Conceição Gonçalves, 59 anos, casada, professora aposentada; Maria José Medeiros, 77 anos, viúva, professora aposentada; Almerinda Alves Oliveira, 56 anos, casada; Enedina Mendes Fernandes, 56 anos, casada; Francisca Barbosa Souza, 62 anos, viúva, aposentada; Maria José Lago, 65 anos, casada; Lafira Monteiro, 55 anos, solteira, enfermeira aposentada; Carmem Consuelo Araújo, 68 anos, casada, professora aposentada; Benedita Edna Gomes, 70 anos, costureira; e Maria Celina Araújo, 55 anos, casada. Maria José Lago, a vencedora.

O júri formado pelas professoras Nelcida, Izaura, Nalva e Noêmia e, pelos professores Miro e Valfredo, elegeram Maria José Lago a Miss Terceira Idade de Teixeira de Freitas, devidamente coroada, com direito a faixa e ramalhete de flores como toda miss. Ainda nessa semana, Maria José participará em Salvador do concurso Miss Terceira Idade da Bahia, onde as candidatas representantes de cada cidade farão um passeio turístico.

Projeto Cevite

O Cevite é um programa de extensão universitária que existe há 13 anos, com oficinas objetivando a reinserção social, voltado para a comunidade local, geralmente pessoas menos favorecidas de ambos os sexos, com predominância do sexo feminino. Mais de 600 pessoas já foram atendidas e algumas delas conseguiram sua primeira fonte de renda com o que aprendeu nas oficinas, além de elevarem a auto-estima formando grupos de amigos para passeios e lazer. O projeto funciona de segunda a sexta feira, com oficinas de artesanatos, escolarização, trabalhos terapêuticos, atividade física e inclusão digital. A única exigência é que os interessados tenham mais de 55 anos de idade, com custo zero para os participantes, com o objetivo de tornar a vida mais feliz. Esse é o primeiro trabalho do gênero em Teixeira de Freitas, sendo que outros surgiram posteriormente.

Por Marlene Rocha
Fotos Michele Ribeiro

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Crescimento do comércio em Teixeira de Freitas

Teixeira de Freitas é considerado o maior pólo comercial do Extremo Sul. Mesmo quando era um simples povoado no início dos anos 60 já fazia diferença; nos anos 70 o povoado já registrava um movimento comercial respeitável e servia como alternativa para aqueles que não podiam ir à Nanuque-MG ou outras cidades da região.
Neste período foram chegando ao povoado vários cidadãos com forte espírito empreendedor. A partir de 1970, já estava no contexto local o Supermercado Brasil, a Casa Morbeck, o Armarinho Caçula, Casa Leuza, a Casa e Oficina Monark, Farmácia Alcobaça, Supermercado Figueiredo, Salão Castro Alves, dentre outros.

Em 1962, no mês de junho, a Casa Leuza foi inaugurada em Teixeira de Freitas. E, neste mês está comemorando 48 anos de portas abertas. O fundador foi seu Egberto Rabelo Pina que acreditou na cidade e foi um dos primeiros a chegar aqui em 1957. Seu Beto da Casa Leuza faleceu em 2007, e o seu filho Egberto Rabelo Pina Filho e sua mãe Inah Gonçalves Pina, deram continuidade ao negócio da família.
Segundo Egberto Filho, “o comércio mudou completamente, as necessidades também mudaram e hoje Teixeira é um pólo. Tivemos que nos adaptar. Lembro que na minha infância vendíamos de tudo, onde chamávamos de secos e molhados, porém hoje tivemos que escolher um segmento. Mas, foi mesmo nos últimos 10 anos que a cidade cresceu demais, superando todas as expectativas. Hoje a loja para mim e minha família é tudo, supre nossas necessidades. Sou feliz aqui, e não pretendo sair”.

Um dos primeiros barbeiros de Teixeira Freitas foi o senhor Otacílio Barbosa dos Santos, que veio de Minas Gerais em 1968, e há 42 anos tem seu comércio, o salão Castro Alves, onde trabalha até hoje. Ele afirma que a diferença do povoado daquela época para a cidade de hoje é de água para vinho. Hoje a cidade tem tudo. Quando ele chegou por aqui, nem energia tinha, ele usava apenas navalha, e agora usa máquina elétrica e a navalha é só para acabamento. O senhor Otacílio está com 90 anos, trabalha ativamente no salão, tem orgulho em contar sua historia. Diz ser uma pessoa muito feliz, cheio de vida, pai de 14 filhos do primeiro casamento. Criou seus filhos com o seu suor, e ainda mantém sua segunda esposa com o salão. “Graças a Deus criei meus filhos aqui. Minha primeira esposa faleceu nessa casa, e me casei novamente e sou muito feliz nesse mesmo local”, acrescentou com orgulho o barbeiro Otacílio.
Em 1969, chega à cidade seu Oto Morbeck da casa Morbeck Secos e Molhados. E, é justamente assim que o comércio é chamado até hoje, do jeito que construiu continua, nunca mudou nada de lugar. E assim tem 41 anos de comércio. “Quando cheguei aqui tudo era melhor, no comércio vendíamos bem, só que foi chegando mais empresas e aumentou a concorrência, mesmo assim consegui constituir alguns bens, e sustendo minha família. Dentro do meu estabelecimento nunca mudei nada, do jeito que construí continuou e será assim até eu morrer. Gosto demais dessa cidade, sou grato por tudo. Acompanhei o crescimento como se fosse de um filho”. Disse Oto Morbeck, 77 anos.

Muitas mulheres empreendedoras também fizeram história, participaram ativamente do desenvolvimento comercial da região. Uma dessas guerreiras é Maria das Dores Medeiros de Almeida, de família tradicional na região. A sua loja, Dandi Modas, foi inaugurada há 25 anos em frente à casa Leuza. O seu objetivo era atender uma clientela mais exigente, com roupas e marcas reconhecidas e de excelente qualidade. Dandi Modas comemora 25 anos, sendo 14 no endereço atual, na Avenida Marechal Castelo Branco. Carinhosamente chamada de Dandi, Maria das Dores em entrevista nos disse: “De quando inaugurei a loja para cá o comércio cresceu muito e a concorrência também. Automaticamente a clientela aumentou, e com tudo isso, ganhei novos clientes, mais tenho ainda aqueles que me acompanham desde quando inaugurei. Acredito em Teixeira de Freitas, por isso busco deixar a Dandi Modas sempre bonita, bem iluminada, com novidades e exclusividade em mercadorias, assim satisfazemos Teixeira e região”. Dandi prioriza muito a excelência em seu atendimento.

Outra mulher que fez e ainda faz história em Teixeira e região é a Irá Lemos, da Preferida Modas, situada na Marechal Castelo Branco, que inaugurou a loja de moda masculina e feminina em 1976, quando chegou à cidade, há 34 anos.
“Sei que a concorrência aumentou, no entanto também chegou a oferta e a procura. Atualmente se fala muito em moda nos meios de comunicação e isso tudo ajuda nas vendas. O crescimento de Teixeira de Freitas é assustador, pena que falta a estrutura para receber tanta gente, principalmente a classe mais humilde, porque acaba chegando e não conseguindo um espaço e se envolvem nas coisas ruins, como droga, prostituição, roubo. Tudo isso nos deixa triste. Sei que falta mesmo é planejamento. Outro exemplo disso é nosso trânsito que é caótico. Apesar de tudo isso o amor por Teixeira, por ser tão acolhedora é imenso. Sou muito feliz aqui e já consegui expandir minha loja. além da Preferida, temos agora também a HOMMEM.COM. Por essas e outras coisas boas é que nunca passou pela minha cabeça sair dessa minha cidade”, afirmou Irá Lemos.

Conversamos também com Vânia Aparecida Panhassi Simão e sua filha Paula Viviane, elas que são proprietárias da Padaria Pão Gostoso na Avenida Presidente Getúlio Vargas, há 27 anos vieram do interior de São Paulo.
“Eu já tinha parentes aqui. Quando meu marido José Paulo foi transferido para cá pela empresa que ele trabalhava, acabamos gostando muito do comércio da cidade. Aqui tivemos a oportunidade de comprar a padaria, e graças a Deus deu certo. Estamos aqui até hoje, ampliamos e reformamos o nosso estabelecimento e a cada dia buscamos melhorar. Teixeira merece o melhor. A única coisa que nos preocupa é apenas a segurança no comércio. Não temos nenhuma pretensão de mudar de ramo e tão pouco sair de Teixeira. Aqui nasceram meus filhos, meu neto, somos felizes aqui”, contou-nos orgulhosa Vânia Panhassi.

Não podemos esquecer que vários profissionais liberais em áreas diversificadas também contribuíram para o progresso em Teixeira de Freitas, abrindo lojas e aqui permanecendo, como: José Caliman, Alair Camilo, Luiz Carlos Tavares dentre outros. Todos eles são fortes comerciantes nas áreas de eletrônicos, material fotográfico e de derivados de madeira, além de serem fazendeiros e proprietários de imóveis.

Entrevistamos o senhor Luiz Carlos Tavares, morador de Teixeira de Freitas há 38 anos. Ele veio do Espírito Santo onde era empregado de balcão. Resolveu fazer um passeio na cidade de Teixeira e gostou. Acabou montando um estabelecimento tipo uma mercearia, e em pouco tempo transformou em um armazém, que ficava localizado onde atualmente é a loja Nova Brasília. Foi crescendo, começou a comprar gado e os colocava na terra de amigos. Sentiu então a necessidade de comprar um pedaço de terra, e acabou alugando seu ponto e passou a trabalhar só com fazenda. Luiz fez história como comerciante, fazendeiro e hoje é um grande empreendedor. “Teixeira era um lugar tranquilo. Naquela época circulava dinheiro e não tinha concorrência e hoje todos chegam, abrem comércio e a concorrência é muito grande. Com isso veio a violência, porém, mesmo com tudo isso, não tenho pretensões de sair daqui. O que tenho, constituí nessa cidade e vou morrer aqui”, declarou Luiz, 62 anos.
Teixeira de Freitas, atualmente, tem mais de mil pontos comerciais, além de mais de quatro mil empregos diretos, sem contar com os informais que acabam escapando das estatísticas.
A cada dia chegam novos empreendedores que estão contribuindo para Teixeira de Freitas ser referencial em todo o país. Sabemos que não é por acaso que grandes empresas nacionalmente conhecidas já estão se instalando na cidade e outras já ensaiam a sua chegada. E é por isso que esta cidade tem sido importante para realização e consolidação de muitos sonhos.

Texto e fotos de Mirian Ferreira

terça-feira, 1 de junho de 2010

Fazenda Cascata - Patrimônio histórico, cultural e ambiental da região

A Fazenda Cascata fica a seis quilômetros de Teixeira de Freitas, às margens da BA-290, a caminho de Alcobaça e Caravelas. Há mais de dez anos existe uma proposta da “Fundação Quincas Neto”, de revitalização e socialização do patrimônio histórico, cultural e ambiental existente na área da fazenda.
Um dos argumentos do Projeto que é de 1996, é de que “a Fazenda Cascata “guarda” num único ambiente, a mostra de vários ciclos econômicos – cultura do café, cultura do cacau, cultura da mandioca, desmatamento para implantação de pastagens para a pecuária, o início da atividade comercial e os primitivos meios de transporte – desde a segunda metade do século XX”. Mais de dez anos se passaram e o projeto ainda não obteve aprovação. Isso trouxe graves prejuízos para o sítio histórico que a cada ano se deteriora, ficando cada vez mais difícil sua revitalização.
Sem dúvida alguma, a Fazenda Cascata é muito importante para a memória histórica e sócio-cultural da região, visto que, segundo parecer técnico da vistoria feita no local pelo Departamento de Ciências Biológicas Francisco de Castro Bonfim Jr. e pelo Departamento da Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC, trata-se de “importante sítio arqueológico de grupos pré-históricos que habitaram a região em épocas remotas”.
A Fazenda Cascata apresenta edificações já bem castigadas pelo tempo e que precisam urgentemente de uma intervenção e posterior restauração. São edificações tais como:
• Um sobrado que é um raro exemplar das casas sede das fazendas do século XIX;
• Uma casa de farinha, com o maquinário utilizado para o beneficiamento da mandioca;
• Estufa e barcaças da época em que a vocação comercial da região se diversificou por causa da decadência cafeeira;
• Uma venda, toda em madeira de lei, representando o marco comercial da região;
• Capela, onde se realizava manifestações religiosas;
• Tulha, espécie de depósito para armazenar grãos;
• Duas escolas, sendo que uma implantada e estadualizada na década de 30;
• Carcaça de uma embarcação que servia de transporte da produção agrícola da fazenda até Alcobaça, via Rio Itanhém;
• Casa de arreios, que era utilizada para guardar cangalhas, balaios, cangas e carros de bois;
• Casinhas de madeira que funcionavam como local de pouso dos tropeiros.
Todas as informações aqui citadas foram obtidas em conversas com o proprietário da fazenda, Sr. José Sérgio e através da cópia da proposta de revitalização do patrimônio histórico ali existente.
Numa pesquisa de campo verificamos que houve uma quebra do caráter histórico ao construírem ali uma piscina, descaracterizando o sítio histórico colonial da fazenda. Verificamos também que todo o patrimônio encontra-se interditado por risco de desmoronamento.
É visível o descaso com a preservação de área tão importante que, se resgatada e restaurada, servirá de marco histórico com grande acervo arquitetônico, podendo ser usado tanto como ponto turístico quanto como aula viva para estudantes de toda a região, tornando-se um laboratório de pesquisas e estudos. Clamamos aqui ao Poder Público e à população que se mobilizem e salvem a Fazenda Cascata em nome da preservação da história do nosso município.

Pesquisa de campo: João Pereira, Marlene Rocha e Mírian Ferreira
Texto: Marlene Rocha

Fotos: João Pereira e Marlene Rocha

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Acervo Documental - Publicações em jornais

domingo, 30 de maio de 2010

Exploração sexual de crianças e adolescentes



“Faça bonito, denuncie” sob esse tema, a Secretaria de Assistência Social de Teixeira de Freitas/BA, por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e em parceria com a Comissão de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes realiza ações de educação, reflexão e conscientização da sociedade em repúdio aos abusos e explorações sexuais que muitas crianças sofrem no município. Em 30 de abril de 2010, foi realizado um seminário, em 16 de maio, houve show e apresentação cultural na Praça da Bíblia e em 18 de maio houve uma passeata pelas principais ruas e avenidas da cidade. Essas mobilizações são alusivas ao dia 18 de maio- Dia Nacional de Luta contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Em Teixeira de Freitas, a Comissão de Enfrentamento é formada por representantes da sociedade civil, incluindo igrejas e entidades do município, como Secretarias, Ministério Público, Juizado da Infância e Juventude, Polícias Civil e Militar, Conselho Estadual dos Direitos da Criança e Adolescente (Condeca) entre outros. Essa comissão é responsável por mobilizar a sociedade junto ao CREAS e focar em meios de combater o problema.

O CREAS de Teixeira de Freitas costuma realizar ações neste sentido três vezes ao ano, sendo uma em dezembro, uma em maio e outra na metade do ano. Segundo a atual coordenadora do CREAS em Teixeira de Freitas, Quitéria Rodrigues Costa, entre janeiro e abril de 2010, foram denunciados 46 novos casos, só no município, um número que deixa o CREAS com grande demanda, segundo ela. “Às vezes nos questionamos se são os casos que estão aumentando, ou se são as pessoas que estão denunciando mais”, diz Permíndio Filho, presidente do CONDECA Teixeira de Freitas.

Permíndio complementa dizendo que as denúncias são muito importantes, mas que tão importante quanto denunciar é ter mecanismos para responder a essas situações, “a Cláudia tem feito um belíssimo trabalho quanto a isso à frente da pasta”, falou ele em relação ao trabalho da atual secretária de assistência social do município, Cláudia Pereira.

O Governo Federal disponibiliza importantes canais de denúncia, como o disque 100 e agora mais recente e ainda em fase de implantação o Portal Cipia, pelo endereço eletrônico www.cipia.org.br. Tanto o Condeca, quanto o Ministério Público e Juízes terão senhas para verificarem as denúncias e os trabalhos feitos acerca de cada caso, além disso, o próprio denunciante poderá verificar o andamento dado às denúncias.

Caminhada marca Dia de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual em Teixeira de Freitas

A caminhada realizada em Teixeira de Freitas, em 18 de maio de 2010, foi uma iniciativa do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e da Comissão Municipal de Enfrentamento a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

Às 09h uma aglomeração de pessoas vestidas em camisetas alaranjadas e tremulando banderolas já estava reunida na Praça da Prefeitura, pouco tempo depois, já em maior número, os manifestantes da boa causa tomaram as ruas. Ao som da música de Roberto Carlos e Erasmo, “É preciso saber viver” e de alertas como: “Esquecer é permitir, lembrar é combater”, a passeata seguiu e foi assim até chegar à Praça dos Leões ponto de encerramento da mobilização.

A comissão

A Comissão Municipal de Enfrentamento é composta pelo Juizado da Infância e Adolescência, Ministério Público, Promotoria da Infância e Juventude, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA), Conselho Tutelar, Defensoria Pública, Pastoral da Criança, Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Delegacia da Mulher (DEAM), Polícia Militar, Pastoral da Juventude, Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo, Igreja Batista Central, Espaço Cultural da Paz, Casa da Criança Renascer, Universidade do Estado da Bahia (UNEB campus X), Faculdade Pitágoras, Faculdade do Sul da Bahia (FASB), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), Câmara de Vereadores, Diretoria Regional de Ensino (DIREC 09) e Associação Asas da Esperança e Liberdade (Aselias).


Reportagens extraídas do Sul Bahia News

Textos: Michele Ribeiro

Vida Noturna: Drogas e Prostituição


A vida noturna em Teixeira de Freitas tem como referência a Rua Mauá, hoje no centro da cidade, tem tradição pelos bares e casas de prostituição que apesar de menor volume, ainda hoje alguns desses estabelecimentos estão em funcionamento. Em Teixeira de Freitas, muitos já ouviram falar de “Maria Mil Réis”, uma das mais antigas prostitutas teixeirense, e atualmente o Stop Drinks, espaço freqüentado por clientes mais elitizados. Assim como em outros centros urbanos, as margens das rodovias e postos de combustíveis, durante as noites, servem como locais de prostituição e vendas de drogas.

Atualidades

No levantamento sobre a vida das mulheres que fazem programa na noite teixeirense, visitamos postos de combustíveis e destacamos algumas histórias. Uma mulher, que se identificou apenas como “Maria”, 49 anos morou em Teixeira de Freitas, mudou-se para Eunápolis-Ba, trabalhou como empregada doméstica, cozinheira de restaurante, padeira e ajudante de pedreiro; segundo Maria, hoje faz programa por necessidade, essa foi a forma rápida de ganhar dinheiro, pois cobra R$ 30,00 por programa.

Segundo Maria, ela é feliz com relação à família, pois tem dois filhos e os deu educação, sabem do que ela faz e não interferem ou a discriminam. Maria disse em seu depoimento que passa por situações de risco em seu trabalho noturno, já presenciou agressões a prostituas e travestis, e que no dia da entrevista quase teria sido estuprada.
Já “Solange”, 29 anos, disse que andou por vários estados do Brasil, passou por Goiânia, São Paulo e Uberaba, é cabeleireira e disse trabalhar atualmente numa igreja na cidade de Eunápolis-Ba, e que durante a noite faz programas. Perguntada sobre por que faz programas, respondeu que gosta de fazer e que o dinheiro é fácil, faz um programa básico por R$ 30,00 e o programa completo chega a custar R$ 100,00.

Uma terceira mulher, cujo nome não foi revelado, aos 22 anos, às 10h20min. da noite, grávida, ela trazia no colo um bebê de um ano e quatro meses, em uma das mãos uma sacola plástica com roupinhas e uma mamadeira com um pouco de leite.

Drogas e prostituição

Ao conhecermos melhor nossas personagens da noite teixeirense, soubemos, por meio de depoimentos das próprias, que o uso de drogas por elas é algo corriqueiro, quase banal. Ao abordarmos uma mulher que estava às margens da rodovia BR 101, rapidamente um jovem caminhoneiro veio em nossa direção para que nós o informássemos qual o ponto de comercialização de drogas mais próximo de onde estávamos. Ele não demonstrou nenhum pudor ou cuidado ao questionar sobre a ação ilícita.

A Rua Mauá, ou Rua do Brega, como é popularmente chamada, também é citada por populares, usuários e mesmo em auto de prisões como um ponto forte de tráfico. A Polícia garante que sempre que possível realiza prisões e apreensões, mas que comumente permanece impotente diante das amarras legais.


Reportagem:
Michele Ribeiro; Rubens Floriano; Mirian Ferreira
Textos:
Michele Ribeiro e Rubens Floriano

Mário Augusto Teixeira de Freitas - Biografia


Mário Augusto Teixeira de Freitas nasceu em São Francisco do Conde, Bahia, em 31 de março de 1890. Ingressou, em 1908, na Diretoria Geral de Estatística do Ministério da Agricultura, Viação e Obras Públicas, onde promoveu numerosas pesquisas estatísticas, até então inéditas no país. Graduou-se com distinção no Curso de Direito, em 1911, pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.
Em 1920, foi nomeado Delegado Geral do Recenseamento em Minas Gerais e sua notável atuação nesse cargo levou o governo mineiro a convidá-lo para reformar a organização estatística estadual. Teve, então, a oportunidade de testar a aplicação, no campo da estatística, do sistema de cooperação interadministrativa entre as esferas de governo federal e estadual. Como diretor do Serviço de Estatística Geral de Minas Gerais lançou importantes trabalhos, entre eles o Anuário Estatístico do Estado, o Anuário Demográfico e o Atlas Corográfico Municipal de Minas Gerais.
A convite do Governo Provisório instaurado pela Revolução de 30, transferiu-se para o Rio de Janeiro para colaborar na organização do Ministério da Educação e Saúde Pública, no qual passou a dirigir a Diretoria de Informações, Estatística e Divulgação. Concebe, então, o plano de cooperação interadministrativa, de âmbito nacional, e que, estruturando e unificando as estatísticas do ensino em todo o país, seria o ponto de partida da evolução do sistema estatístico brasileiro.
A criação máxima do pensamento e ação de Teixeira de Freitas foi, sem dúvida, o IBGE. Baseado em seu plano de cooperação interadministrativa entre as três esferas governamentais - federal, estadual e municipal -, foi criado em 1934 e instalado em 1936 o Instituto Nacional de Estatística, que a partir de 1938 passa a denominar-se Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pela associação nas mesmas bases de cooperação interadministrativa, do sistema de atividades geográficas. No período de 1936 a 1948 idealizou, planejou e consolidou a organização estatística brasileira como Secretário-Geral do Conselho Nacional de Estatística, órgão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. De seus textos emerge um pensamento global sobre a realidade socioeconômica, política e administrativa do Brasil. Idéias como a difusão do ensino e sua adequação às necessidades do país; a revitalização dos municípios; a redivisão territorial, incluindo a interiorização da Capital Federal que inspiraria a construção de Brasília; o prevalecimento do sistema métrico decimal; a cooperação interadministrativa em vários campos das atividades governamentais; a uniformização ortográfica; a adoção do esperanto como língua auxiliar; a criação de bibliotecas e museus municipais; e a reestruturação da administração brasileira, orientavam o poder público rumo à racionalidade que a concepção iluminista de Teixeira de Freitas antevia para o Brasil, num contexto de mundialização do progresso e do bem-estar das populações, sob o impulso da revolução da técnica e da ciência.
Quando à frente da Secretaria-Geral do Conselho Nacional de Estatística torna-se responsável por numerosas resoluções e de leis federais de interesse geral do país, tais como, o Decreto-Lei n° 311 ou Lei Geográfica do Estado Novo; o Decreto-Lei n° 969, que determinou a realização decenal, nos anos de milésimo zero, do Recenseamento Geral do Brasil; e o Decreto-Lei n° 4.181 que, entre outras diretrizes, autorizou a realização dos Convênios Nacionais de Estatística Municipal possibilitando, assim, a solução do problema da coleta de dados no âmbito municipal, de capital interesse para a estatística geral e, de modo especial, para os estudos necessários à segurança nacional.
Participou em Washington da criação, no ano de 1941, do Instituto Interamericano de Estatística onde exerceu destacado papel tendo sido, por isso, eleito seu primeiro presidente e, posteriormente, presidente honorário.
Teixeira de Freitas faleceu no dia 22 de fevereiro de 1956, na cidade do Rio de Janeiro, deixando um legado de trabalho fecundo e criador. Parafraseando Carlos Drummond de Andrade, em crônica publicada no Correio da Manhã, de 25 de fevereiro de 1956, pode-se com ele concordar quando afirma que Teixeira de Freitas deixou uma lembrança rara de homem público pela obra construída mesmo não tendo, sequer, governado o menor pedaço do país. Porém, influiu profundamente na evolução e nos rumos que o seu ideário norteou.
A longa carreira de sevidor e o quase anonimato a que se submetia tornaram evanescente a sua figura no mundo das idéias e do conhecimento da realidade nacional. Mas, o seu legado está vivo e presente não só na obra-prima que foi a criação do IBGE como na circulação de conceitos e noções que, ainda hoje, servem de horizonte à modernidade brasileira.
Fonte: http://www.ibge.gov.br/65anos/teixeira/nota.htm

sábado, 29 de maio de 2010

Caso Ivan Rocha



Ivan Rocha desapareceu em 22 de abril de 1991 na cidade de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, depois de ter prometido em seu programa “A voz de Ivan Rocha”, pela rádio Alvorada AM, entregar ao desembargador Mário Albiani, que visitaria a cidade no dia seguinte, um dossiê sobre o crime organizado com os nomes de policiais e de um influente deputado envolvidos num grupo de extermínio do extremo sul da Bahia. No município com cerca de 108 mil habitantes, a 828 quilômetros ao sul de Salvador, capital do Estado, Rocha é o símbolo de um passado ainda muito presente, que volta e meia reaparece na voz dos defensores dos direitos humanos em sua luta pelo fim da impunidade.

O inquérito teve, desde o início, uma série de empecilhos para que não fosse adiante. Em maio de 1991, o Procurador Geral da República, Aristides Junqueira, aceitou a denúncia de crime por omissão apresentada pela Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) contra o governador Antônio Carlos Magalhães por não dar andamento ao caso de Rocha.

Em julho de 1991, o delegado Jackson Silva entregou o relatório do inquérito qualificando o desaparecimento de Ivan Rocha como seqüestro e indiciando Salvador Rodrigues Brandão Filho, que trabalhava em uma rádio do deputado Temóteo Alves de Brito, e os policiais Antônio Carlos Ribeiro de Souza, Domingos Cardoso dos Santos, Adilson Dias Ramos e Joel Caetano Pereira. O Ministério Público considerou que havia provas somente para denunciar a participação de Souza, Brandão Filho e Dos Santos. Este último foi absolvido, enquanto que os dois primeiros foram condenados a cinco anos de prisão. Mas os juízes do Tribunal da Justiça da Bahia aceitaram depois a apelação e os absolveram. A alegação foi de que nunca se encontrou o corpo do jornalista e por isso o caso foi suspenso em 1994.

O juiz auxiliar Benedito Alves Coelho foi quem pronunciou a sentença acusando os suspeitos porque a juíza titular, Kátia Suely Dantas Carilo, tinha 5 mil processos pendentes. Coelho não tem dúvida da culpa dos acusados: “Julguei, condenei, tinha fartas provas nos autos”, confirmou. “Mas houve pressões, tentativas de conduzir o processo e de assustar o juiz – passei por maus momentos”, recordou.

O promotor Gilberto Ribeiro de Campos, da 1ª Promotoria de Justiça de Teixeira de Freitas desde outubro de 1996, reabriu o processo para fazer um relatório. “Esse processo seguiu todo o encaminhamento judiciário possível, mas no Tribunal de Justiça da Bahia o relator Ivan Brandão entendeu que não havia provas capazes de condenar os indivíduos condenados em primeira instância”, observou. “Crime de homicídio é material, é preciso encontrar o corpo”. Além disso, a principal testemunha voltou atrás no que havia dito durante o inquérito – num primeiro momento, disse que viu Salvador Rodrigues Brandão Filho, Antônio Carlos Ribeiro de Souza e outras duas pessoas que não conhecia saltarem de um veículo e pegarem Rocha, saindo no carro em alta velocidade. Depois, mudou seu depoimento. Disse que foi levada a Salvador contra sua vontade e acusou o delegado de lhe haver forçado a dar aquelas declarações.

Wilson Victor de Alcântara, advogado da Rede Sul Bahia, grupo ao qual pertencia a rádio em que Rocha trabalhava, acompanhou o processo com o promotor e concordou em pedir a impronúncia dos indiciados. “Como vou pedir a condenação de alguém sem provas?”, pergunta. “Até hoje não temos investigadores à altura para um crime daqueles. Para o caso ser reaberto, terá de ser feita uma investigação profunda – fora disso, é difícil”, disse Alcântara.

Mais de uma década depois, é quase impossível reconstituir o que sobrou da memória de familiares e amigos sobre os fatos da época. A mãe, Valdelira de Jesus, perturbada pela perda do filho que até então a ajudava a enfrentar a ainda precária situação econômica da família, confunde datas e sentimentos. Durante o período em que a pressão da imprensa e dos representantes de direitos humanos foi grande para que se chegasse à solução do caso, ela relatou ter sido vítima de um seqüestro.

Segundo o relato, numa noite dois homens foram até sua casa em um carro de polícia e a levaram sob o pretexto de que devia dar um depoimento na delegacia. Valdelira conta que foi de avião a Salvador e lá começaram a pressioná-la para dizer que um deputado teria dado dinheiro para Rocha sumir porque Rocha havia falado demais e o clima na cidade estava muito ruim para ele. Nervosa, lembra ter tido uma dor de cabeça muito forte (tem pressão alta), tomado um chá para se acalmar e dormido profundamente.

Os amigos e a filha descrevem que ela estava nesse estado de semi-consciência quando apareceu na TV Santa Cruz para falar contra o próprio filho – Valdelira não se lembra disso. Na tevê, foi entrevistada pelo fato de Ivan Rocha não ser o verdadeiro nome de seu filho, mas sim Valdeci de Jesus. Rocha seria, na realidade, o primo dele, de quem teria pegado emprestados o nome e os documentos. A história não foi confirmada pela família.

Os restos de Ivan Rocha

Uma carteira profissional de Ivan Rocha da Rádio Santos Dumont, pertencente à Associação de Cronistas Esportivos do Paraná, de 1986, e uma foto dele na Rádio-Jornal de Itabuna, do mesmo ano, foram as lembranças que restaram à família. Como os documentos são antigos, nos arquivos das entidades não foi possível encontrar alguma informação a mais sobre o radialista.
Como o jornalista assumiu o cargo de dirigente regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia no Extremo Sul com o nome de Ivan Rocha, o presidente da Associação Bahiana de Imprensa, Agostinho Muniz, disse que o órgão decidiu que só entraria com um processo para averiguar a informação sobre a falsa identidade quando o radialista reaparecesse. A troca de nomes foi usada como pretexto para que Rocha passasse de vítima a culpado no decorrer das investigações, dificultando ainda mais o andamento do inquérito.

A mãe conta que ele tinha 33 anos quando desapareceu. Era o mais velho de 12 irmãos, dos quais dois morreram ainda pequenos e outros dois foram mortos pela polícia. Rocha ajudava a abastecer com arroz e feijão a despensa. Havia saído de casa com 18 anos para tentar a vida fora de Teixeira de Freitas. Passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte. Voltou à Bahia quanto estava já com 30 anos e ajudou a montar a casa onde vivia a mãe e a irmã. Estava há somente um mês na Rádio Alvorada, em Teixeira de Freitas, quando desapareceu. “Eu não queria que ele fizesse o programa, era perigoso, mas ele disse que tinha nascido para fazer aquilo”, lembrou Valdelira.

Durante dois anos, Rocha teve um jornal próprio, A Notícia, que se mantinha graças ao contrato com a Prefeitura. E fazia oposição ao governo do grupo do ex-governador da Bahia e senador reeleito Antônio Carlos Magalhães (PFL). A mãe contou que ele foi candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) na cidade de Itabuna (Bahia).

Segundo os amigos, Rocha não soltava por nada sua agenda de telefones. No dia em que desapareceu, a agenda sumiu junto. Ele saiu aquele dia da casa da mãe dizendo que ia se encontrar com a namorada, Rosária Monti, 34 anos. Quando Rocha desapareceu, Monti tentou em vão qualquer indício que levasse a ele. “Desapareceu tudo: agenda, documentos, carteira. Na casa onde ele morava não tinha nada”, relatou. Chegou a cogitar que ele tivesse sumido por conta própria. Logo engajou-se na luta para buscar o namorado.

Apesar de o relacionamento amoroso existir há um ano, Monti não sabia muito da vida pessoal de Rocha. Conheceu-o quando ele trabalhava no jornal e ela estava à frente de uma greve dos professores. “Era uma pessoa extremamente boa e queria continuar com o programa de denúncias na rádio”, descreveu Monti. “Ele tinha uma linha exagerada de dar as notícias para chamar atenção com a qual eu não concordava, mas nunca colocava nada no ar se não estivesse seguro”. O empenho em descobrir o que havia acontecido com Rocha rendeu uma perseguição política para Monti, que perdeu o emprego e se mudou de Teixeira de Freitas.
Caso chegou ao Ministério da Justiça

A última vez que Josephus Julins Maria Koopmans, conhecido como Padre José, foi entrevistado por Ivan Rocha, depois da entrevista ele deu um conselho ao radialista: “Ivan, Cuidado...”. Padre José acreditava que Rocha às vezes fazia denúncias sem ter provas. E o repórter respondeu: “É, às vezes eu aumento, sim”. Mas o padre reconheceu que “era um repórter corajoso, sem dúvida”. A região sempre foi pródiga em situações que exigiam coragem. Na época em que Rocha trabalhava no rádio, eram freqüentes as notícias sobre disputas de terra, violência policial e perseguição política com ameaças à vida. Hoje, os problemas estão ligados principalmente ao tráfico de drogas.

Nos últimos 10 anos, Padre José encabeçou a luta pelos direitos humanos no Sul da Bahia, denunciando os casos de tortura e mortes. “As pessoas que moravam perto da delegacia e ouviam os gritos não tinham coragem de depor”, relatou. Por conta de sua atuação política, o padre recebeu vários “recados” para se “acalmar”. Como a população tinha medo de testemunhar, durante muito tempo ele recebeu todas as queixas. “Depois do caso Ivan Rocha, mudamos de tática: agora, se alguém quer denunciar, tem que fazer pessoalmente”, disse.

Para Zé da Baiana, Rocha foi imprudente, porque havia sido alertado do perigo que corria ao fazer suas denúncias. O programa “A voz de Ivan Rocha” era transmitido simultaneamente por três rádios, por isso tinha uma audiência garantida. Com a morte de Ivan, o porta-voz da rádio passou a ser Ramiro Guedes Luz.

Durante o primeiro ano de desaparecimento de Rocha, Luz manteve uma cortina musical permanente em seu programa, alertando para que o fato não caísse no esquecimento. Utilizava os versos da música “Achados e Perdidos” (do compositor Luiz Gonzaga Júnior, na voz forte e dramática da cantora Maria Medalha): “Quem me dirá onde está aquele moço fulano de tal, amigo, irmão, namorado que não voltou mais? Insiste o anúncio nas folhas dos nossos jornais: achados, perdidos, morridos, saudades demais...” Em seguida, cobrava das autoridades: “Hoje faz tantos dias do desaparecimento”. E colocava no ar um telefone para quem quisesse fornecer informações.

O desaparecimento de Rocha é considerado o primeiro caso recente de violência contra a liberdade de imprensa na Bahia, observa Agostinho Muniz, da Associação Baiana de Imprensa (ABI). Até 1991, havia poucos registros de jornalistas assassinados em cidades do interior do Estado. De 1991 a 1997, contando Ivan Rocha, foram 10 jornalistas mortos no exercício da profissão – depois de 12 anos do desaparecimento, Muniz acredita que se pode dizer que Rocha está morto.
Com informações do site:
http://www.impunidad.com/

História geográfica


As divisões territoriais e a instalação de unidades político-administrativas foram ocorrendo desde o início do século XVIII (Caravelas), mas sobretudo no século XX, depois de 1950, demonstrando que a Região Extremo Sul foi uma das últimas a se desenvolver em relação às demais no Estado da Bahia.

Até a década de 70 o vilarejo de Teixeira de Freitas, perdido na Mata Atlântica que ainda restava no interior baiano, era apenas uma referência para os seus próprios e poucos moradores.
A constituição do município é muito recente. Até há pouco tempo, 1986, o núcleo urbano possuía uma situação muito singular. A sua subordinação administrativa era dividida entre dois municípios. A vila que deu origem a Teixeira de Freitas se localizava exatamente na linha divisória entre os municípios de Alcobaça e Caravelas. De tal modo que algumas ruas estavam em um município e outras no seu vizinho.

Alcobaça, sede do município que dispensava uma atenção um pouco maior ao povoado pela simplicidade de sua organização administrativa e pela pouca importância da Vila de Teixeira de Freitas, não possuía nenhum mecanismo legal e constante para o acompanhamento e a fiscalização sobre o que e como se construía. Assim o núcleo urbano ia se estendendo, desorientado.

A partir da década de 70, com a construção da BR 101, e num movimento que já havia se iniciado alguns anos antes com pouca intensidade, a mata vai sendo derrubada e substituída por pastagens. Inicialmente, num processo mais lento, chegaram os criadores do interior baiano. Após a construção da rodovia, vieram principalmente os criadores mineiros e os madeireiros capixabas que, numa conjugação de interesses, intensificaram a tomada da mata. O núcleo então começa a ganhar força.

A chegada das serrarias foi decisiva no grande aumento do movimento na já dinâmica região e reforçou a tendência de expansão de todo o comércio. O solo se mostrava adequado para a agricultura. A fase do “milagre brasileiro” promove a expansão do mercado consumidor no sul do país. As terras de Teixeira de Freitas passam a atrair migrantes agricultores e empresas cooperativas, sedentos de produção e lucro rápido.

O beneficiamento da madeira, a agricultura produtiva, um mercado comprador assegurado, o gado se reproduzindo nas pastagens e a rodovia abrindo as portas ao migrante ávido de oportunidades aceleram o crescimento do povoado, que estava ainda na dependência político-administrativa de Alcobaça e Caravelas.
Fonte: Wikipédia

História cultural


Na época da descoberta do Brasil, na região que corresponde ao atual Extremo Sul da Bahia vivam povos de muitas etnias: a faixa costeira era ocupada pelos Tupis (Tupiniquins) e no interior viviam os Pataxós, Maxacali, Botocudos, Puri e Camacã, entre outros.

Os aspectos culturais que diferenciavam esses povos estão no fato de que os Tupis viviam próximos ao litoral, possuíam uma grande homogeneidade cultural e linguística, apesar de estarem divididos em unidades políticas. Eram povos mais sedentários, se concentrando em aldeias com populações de mil a três mil pessoas. Praticavam a agricultura do milho e mandioca, que eram os principais produtos. A alimentação era completada com a pesca, caça e coleta.

Os grupos do interior chamados de Aimorés pelos Tupis eram linguística e culturalmente heterogêneos, costumavam organizar-se em pequenos bandos, de algumas famílias, não ultrapassando cem pessoas. Mudavam de local, de morada, a cada estação agrícola. A caça e a pesca eram mais importantes que a agricultura. Com a chegada dos portugueses foram alteradas as relações pessoais, de poder, de distribuição espacial, de sobrevivência coletiva, de reposição demográfica e, principalmente, as características culturais.

Os colonizadores instalaram núcleos de ocupação do território, em caráter provisório, sendo os primeiros em Porto Seguro e Caravelas. Nesses núcleos eram construídas capelas, centros de administração, postos em todos os lugares para armazenamento de madeira e fortificações para proteger os portugueses dos ataques dos índios e até dos franceses e holandeses.

Os índios Tupis, que viviam próximos ao litoral, foram civilizados e subjugados pelos portugueses, com ajuda da Igreja Católica e de ordens religiosas, sob o argumento de cristianizar estes povos. O contato com os colonizadores resultou no contágio de doenças como varíola, sarampo e gripes. Além disso, as ações de civilização destruíram a cultura e a identidade étnica dos Tupis.

Coube aos indígenas do interior oferecer resistência à dominação e organizar ataques aos povoados dos portugueses. Os confrontos entre índios e não índios se repetiram ao longo do tempo até o final do século XIX, motivados principalmente pela agroindústria açucareira e a necessidade de mão-de-obra. Como os escravos africanos tinham preços elevados, a solução era captura e a escravização de indígenas.

Um ofício assinado pelo subdelegado de policia do Prado (meados do século XIX) mostra o costume de envolver "índios mansos" nas expedições e bandeiras para conquistar novos territórios ou capturar novos indígenas.

No decorrer do século XVIII foram elevadas a condição de vila os seguintes povoados: Caravelas (1700), Alcobaça (1772) a margem do rio Itanhém, Prado (1765), Viçosa (1768) à margem do rio Peruipe, município de Nova Viçosa, e São José de Porto Alegre (1755 ou 1769), a margem do rio Mercurim, no atual município de Mucuri. Estas vilas foram criadas segundo a política de urbanização e povoamento da Coroa Portuguesa.

Um fato a registrar é que por volta de 1830 se deslocaram levas de suíços e alemães para Mucuri e Nova Viçosa, onde se estabeleceram em fazendas destinadas ao cultivo do café. A mão-de-obra utilizada era escrava. Em 1853 cerca de 90% do café exportado pelo porto de Salvador era proveniente da Colônia Leopoldina, atual município de Nova Viçosa.

As dificuldades de povoamento de Extremo Sul da Bahia persistiram até o século XIX, com problemas na fixação dos pequenos grupos de imigrantes estrangeiros, trazidos para a região com o objetivo de colonização. A migração subvencionada foi suspensa depois que mais de 50% dos imigrantes abandonaram a região em direção a Santos e ao Rio de Janeiro.

As alegações dos estrangeiros eram "dificuldades de alimentação, insalubridade, grandes distancias e dificuldades de comunicação ou temor dos nativos".
Fonte: Wikipédia

História de Teixeira de Freitas


A emancipação do município de Teixeira de Freitas foi estabelecida pela Lei 4.452 de 9 de maio de 1985. A instalação se deu em 1º de janeiro de 1986. A área do município é de 1.157,4 km². A história da cidade, embora recente, guarda aspectos pitorescos e valiosos que auxiliam a analisar a situação socioeconômica atual no município. Vários destes aspectos foram relatados por antigos moradores e, entre eles o fato de que em 1965/66 já existiam vários núcleos que, embora vizinhos, pertenciam a municípios diferentes: é o caso de Vila Vargas, Jerusalém, São Lourenço e do bairro rural Duque de Caxias, que pertenciam ao município de Caravelas. Monte Castelo, Bairro da Lagoa (onde está o shopping Teixeira Mall Center) e Buraquinho pertenciam a Alcobaça. Teixeira de Freitas foi criado com o desmembramento de terras de Alcobaça e Caravelas.
O povoado de Teixeira de Freitas teve sua origem em consequência do grande volume de madeira de lei existente na região, o que proporcionou a formação de casas, criando assim, o povoado, que mais tarde foi denominado São José de Itanhém, por ficar próximo à margem esquerda do rio Itanhém.
Porém há relatos de que já na década de 50, quando ainda havia matas virgens no local onde hoje se situa Teixeira de Freitas, chegaram Hermenegildo Félix de Almeida, Atila Nunes, Tarcísio Antunes e José Júlio de Oliveira, iniciando o desmatamento; posteriormente, a firma Eleosíbio Cunha construiu um acampamento coberto de palhas, dando início à extração de madeira. Mais tarde chegaram para fixar residência no dito povoado Joel Antunes, Manoel de Etelvina, Aurélio José de Oliveira, Duca Ferreira e a família dos Guerra.
Em 14 de abril de 1958, na capela de São Pedro, foi celebrado o primeiro casamento religioso, sendo o celebrante o Frei Olavo e nubentes Aurélio José de Oliveira e Izaura Matias de Jesus.
Devido ao bifurcamento das estradas de rodagem Alcobaça e Água Fria, hoje cidade de Medeiros Neto e o povoado de São José de Itanhém ao porto de Santa Luzia, no município de Nova Viçosa, sendo esta a última rodagem de propriedade da firma madeireira Eleosíbio Cunha, o povoado de São José de Itanhém era conhecido popularmente como “Povoado Perna Aberta”, hoje no centro de Teixeira de Freitas, as antigas rodagens estão localizadas na Avenida Marechal Castelo Branco e rua Princesa Isabel, fazendo sua junção na esquina da Casa Barbosa.
Com o grande comércio de madeira de lei, o povoado se desenvolveu bastante, atraindo comerciantes, agricultores e pecuaristas de outras regiões, entre eles Egberto Rabelo Pina , Alcenor Barbosa , José Alves Pereira este último morador da rua Princesa Isabel desde o ano 1964, pai de uma das mais conhecidas pedagogas da região Prof Deyse Maria pereira Santana.
Com a morte do ilustre baiano e estatístico Mário Augusto Teixeira de Freitas, o idealizador e organizador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o governo achou por bem prestar-lhe uma homenagem póstuma, tendo os chefes das agências de estatísticas recebido ordens da direção central do IBGE no sentido de propor junto aos prefeitos de cada município que fosse dado o nome de Teixeira de Freitas a um logradouro. Em 1957, o então chefe das agências de estatísticas de Alcobaça, Miguel Geraldo Farias Pires, em cumprimento às determinações emanadas da Inspetoria do IBGE na Bahia solicitou oficialmente à Prefeitura e Câmara de Alcobaça a homenagem póstuma ao baiano Teixeira de Freitas, dando o nome dele ao Povoado de São José de Itanhém, o que foi bem aceito pelo Executivo e Legislativo de Alcobaça.
Mesmo sem contar com qualquer infra-estrutura, inclusive energia elétrica e vias de acesso razoáveis, estes núcleos atraíram contingentes migratórios consideráveis e, no ano de 1980 Teixeira de Freitas era um expressivo centro regional, com mais de 60.000 habitantes, sem ainda ser emancipado politicamente.
Fonte: Wikipédia

Objetivo do Olhar sobre Teixeira

Este blog destina-se a garimpar informações já existentes na internet sobre a Cidade de Teixeira de Freitas - Bahia, postar notícias, áudios e vídeos referentes a sua história, cultura, economia, esportes, através de arquivos pessoais, arquivos públicos, pesquisas de campo elaboradas pelos estudantes de Jornalismo da Faculdade do Sul da Bahia - FASB.
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